Gota D'água

Consciência Negra: Salvador rende homenagem a Zumbi e Dandara. Juventude grita contra o genocídio

23/11/2019

Consciência Negra: Salvador rende homenagem a Zumbi e Dandara. Juventude grita contra o genocídio

Cidade de maior população negra fora da África, Salvador teve várias celebrações pelo Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, uma delas a Marcha Zumbi / Dandara dos Palmares, que saiu do Campo Grande até a Praça Castro Alves. Bandeiras históricas contra o racismo foram levadas para a rua, além de denúncias contra os retrocessos praticados pelo governo Bolsonaro, mas este ano o que predominou foi o grito da juventude negra contra o genocídio do qual é vítima.

Diversas lideranças denunciaram esse genocídio, sobretudo em bairros pobres e mais afastados do centro das grandes cidades, fruto de uma escalada sem fim da violência e da ação policial. Nesses locais o número de mortes não para de crescer. Alex Cruz, da Frente Nacional da Juventude, afirmou que “os jovens da periferia não querem armas, e sim livros, querem paz, e ao mesmo tempo vão resistir”. A necessidade de defesa dos povos quilombolas e tradicionais também foi outro tema da marcha, especialmente em razão dos últimos ataques que essas comunidades sofreram.

O Sindae levou para a rua a faixa denunciando que “Privatizar a água é racismo estrutural. Não ao PL 3261” – numa alusão ao Projeto de Lei 3261, que tramita no Congresso Nacional e que, se aprovado, vai permitir a privatização em massa dos serviços de saneamento no país. Se privatizados, a maior vítima será a população pobre, predominante negra, cuja área em que reside não vai atrair investimentos privados e, além disso, verá o custo da tarifa aumentar.

Nessa 40ª Marcha, que teve a participação de mais de duas mil pessoas, outro grande homenageado foi o preso político Mumia Abu-Jamal, pseudônimo de Wesley Cook, ex-integrante do Partido dos Panteras Negras e condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.

Ainda no dia 20 aconteceram a 11ª Lavagem da Estátua de Zumbi dos Palmares, na Praça da Sé, e um dos grandes símbolos da de resistência da população negra. Outra marcha saiu do Curuzu, mais especificamente da Senzala do Barro Preto, sede do primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê: foi a Caminhada da Liberdade. Também houve vários eventos nas escolas e universidades.