Gota D'água

Violência racial é praticada no Congresso, na igreja, na universidade...

23/11/2019

Até o fechamento deste boletim não estava definido o que acontecerá com o deputado federal Coronel Tadeu (PSL – SP), mesmo partido de Bolsonaro, que numa atitude tipicamente racista destruiu uma placa de uma exposição do cartunista Carlos Latuff no Congresso Nacional na última quarta (20), Dia da Consciência Negra. A placa tem uma charge do cartunista com um policial de costas com revólver na mão e um jovem negro caído no chão com a legenda “O genocídio da população negra”. O deputado afirmou que o conteúdo ofendia o trabalho dos policiais militares.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, condenou a violência e afirmou que o gesto não pode virar um precedente para outros atos semelhantes porque desrespeita a livre manifestação artística na Câmara. “Estamos vendo uma solução para esse problema. É lamentável, [ocorrer em] uma exposição que a Câmara autorizou. Uma coisa é fazer uma crítica a uma peça e chegar à conclusão de que ela não está no lugar adequado, outra coisa é tirar essa peça com violência. Então, a gente tem que encontrar um caminho para encerrar esse episódio para que não se repita”, disse.

Nada poderia ser pior do que a forma de fazer o “conserto”. A placa foi remendada por pregos e recolocada no lugar, mas ao lado ficou um aviso: “A bancada negra sabe que essa charge não representa toda a corporação e respeita os policiais que não corroboram para essas estatísticas e trabalham em prol do povo brasileiro”.

Nesse ambiente de impunidade e aceitação do racismo uma blogueira agrediu a deputada Maria do Rosário (PT-RS), que tentava gravar uma mensagem ao lado da placa. Defensora de Bolsonaro, a blogueira precisou ser contida pela política legislativa.

Em São Paulo, um professor foi xingado e agredido em sala de aula na universidade também no último dia 20, ao abordar o racismo. No Rio de Janeiro, um grupo de católicas conservadoras perturbou o andamento de uma tradicional missa que celebra a diversidade e tolerância religiosa. O culto é feito com elementos da cultura afro-brasileira.

São fatos e mais fatos que mostram o quanto ainda é preconceituosa e violenta a sociedade brasileira. São revelações que tomam corpo no âmbito de um país onde governantes reforçam o preconceito e buscam destruir políticas voltadas para a valorização da população negra, querendo impor ao país uma volta aos tempos mais sombrios da história.