Gota D'água

Triste realidade dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios é alerta. Classe trabalhadora precisa reagir.

24/09/2020

Triste realidade dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios é alerta. Classe trabalhadora precisa reagir.

Muito do que os funcionários dos Correios conseguiram de benefícios para a classe durante mais de 35 anos, foram perdidos, após o Tribunal Superior do Trabalho – TST – julgar e acatar na segunda-feira, 21 de setembro, as retiradas de 50 de 79 cláusulas trabalhistas.

Na mesma sessão, o TST considerou a greve, que acontece desde o dia 17 de agosto, como não abusiva, mas decidiu por encerrá-la. Segundo a decisão, os empregados devem voltar de imediato aos seus postos de trabalhos, sob pena de multa de R$100 mil por dia.
Estamos acompanhando a triste realidade dos Correios e de seus funcionários, que serve de alerta sobre esse ataque que se estende a toda classe trabalhadora.

Decisão

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT - comemorou a decisão. Já o sindicato Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) rejeitou o acordo e recomendou que os funcionários mantenham a greve, mas ainda estão sendo feitas assembléias para votação.
Ainda consta na decisão uma derrota parcial à estatal, já que ficou mantida a cláusula que prevê correção monetária de 2,6% dos salários. Os trabalhadores, no entanto, pediam uma reposição salarial de 5%.

Segundo o site UOL, a relatora do caso, ministra Kátia Arruda, votou para que todos os benefícios fossem mantidos, mas acabou parcialmente vencida. Prevaleceu a tese divergente apresentada pelo ministro Ives Gandra Filho, que conta com a simpatia do presidente Jair Bolsonaro. Em um voto com mais de 100 páginas, a ministra destacou que, em seus anos de Corte trabalhista, essa foi a primeira vez que viu uma empresa propor a retirada de todas as cláusulas e direitos.
A ministra disse, ainda, que apesar de os Correios alegarem problemas econômicos com a manutenção dos direitos, há informações da própria estatal que mostram que houve aumento da procura durante a pandemia.

Em recente entrevista para o site UOL, o presidente dos Correios, general Floriano Peixoto, afirmou que a proposta feita pela estatal — de extinção de mais de 70 benefícios— estimava uma economia na ordem de R$ 800 milhões por ano. Questionado se essa economia é necessária, já que a empresa vem registrando lucro nos últimos anos, Floriano afirmou com a evasiva de que, apesar dos números positivos nos últimos anos, há um passivo de R$ 2,4 bilhões a ser saldado. "Os resultados positivos recentes têm reduzido esse déficit, e a nossa expectativa é a de acelerar esse processo", tentou se explicar.

Para o Sindae, o processo que está acontecendo nos Correios, é de sucateamento da estatal e a perda de todas as conquistas dos trabalhadores, que já aguardam a privatização e a perda de seus empregos, um triste fim para uma empresa centenária, que tanto fez pelo país; e, principalmente, de seus funcionários e da classe trabalhadora como um todo.