11/06/2025
Há algum tempo, desde meados de 2018, o Sindae vinha travando uma verdadeira guerra campal contra a privatização da água em Eunápolis e outros municípios da região do extremo sul. As ações do sindicato incluíam mobilizações e conscientização da sociedade civil, de movimentos sociais e de lideranças políticas, alertando para os riscos do processo de mercantilização do saneamento básico. Atuou também em audiências públicas e, até mesmo, com o ingresso de diversos processos judiciais, alguns deles em parceria com a Embasa.
Por ironia do destino, foi exatamente o prefeito Robério Oliveira quem, lá atrás, tomou a primeira decisão política, e extremamente equivocada, de não renovar o contrato com a Embasa, movimento posteriormente seguido pela prefeita Cordélia Torres. Ambos tinham como intenção retirar os serviços da Embasa para entregá-los à iniciativa privada, em prejuízo da população, que teria que arcar com altas tarifas de água e esgoto, sem a garantia de melhorias na prestação dos serviços, como tem ocorrido na maioria dos locais onde o saneamento foi privatizado.
Passados cerca de sete anos desde a primeira tentativa de Robério de privatizar a água no município, hoje o alcaide se rende ao óbvio, o mesmo que o sindicato já defendia há anos: somente a Embasa tem condições de realizar os investimentos necessários à universalização dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no município, sem que a população seja penalizada com tarifas abusivas.
De acordo com informações da Embasa, com a renovação do contrato, serão investidos R$468 milhões nos próximos anos, sendo que 64% desse montante será destinado ao esgotamento sanitário, cuja cobertura passará de 10% para 90%.
Paralisação na sede da Embasa
No final do ano passado, o Sindae chegou a realizar uma forte e contundente paralisação na sede da Embasa, em Salvador, para exigir providências urgentes da empresa contra o processo de privatização dos serviços de água em Eunápolis. O protesto cobrava do então presidente, Leonardo Góes, que autorizasse imediatamente o setor jurídico da empresa a adotar as medidas legais necessárias para barrar a entrega da estatal à iniciativa privada no município. A entidade denunciava ainda a presença de lobistas, ligados a grupos empresariais interessados na privatização, operando dentro da própria Embasa para facilitar a entrega desses serviços essenciais à população.
Uma lição
A batalha travada pelo sindicato em Eunápolis, assim como no município de Brumado, que também renovou recentemente o contrato com a estatal após diversas tentativas de privatização, demonstra que o caminho consequente é nunca desistir e lutar com firmeza para defender o saneamento público. Esse é um dos grandes desafios da categoria, que extrapola as questões de ordem corporativa ou economicista e passa a defender o saneamento como instrumento de inclusão e justiça social, acessível a todos.
Os desafios ainda são muitos. Apenas uma categoria unida e forte será capaz de enfrentar os poderosos interesses dos especuladores do “mercado das águas”, que buscam transformar esse recurso essencial à vida em uma commoditie altamente lucrativa.
Vamos à luta!